O magnetismo pessoal da bruxa dominante

Milhares de anos foram necessários para minar a autoestima da maioria das mulheres, inclusive em relação à mágicka, espaço em que deveriam ser as protagonistas. Elas aceitam, portanto, o mínimo de respeito esperado de seus parceiros, sejam eles amorosos ou mágickos.

Estes tempos de inferioridade feminina estão por um pio, o que causa tremor nos desajeitados.

Se considerarmos verdadeira a afirmação de que caminhamos para um novo Aeon, então o fato é que teremos um renascimento do xamanismo, mais abrangente e melhor elaborado. Isto significa também o poder matriarcal de volta.

O poder do matriarcado estendeu-se até a época dos caçadores quando as hordas de bárbaros invadiram esse paraíso de culto à Grande Mãe tentando destruir esse imenso poder. Mas isso só foi possível após muito tempo quando os gregos e romanos dividiram a Grande Mãe nas várias deusas do seu pantheon cada uma com uma qualidade ou atributo desta. Mas esse paraíso também favoreceu a estagnação pelo prazer e a chegada do patriarcado veio como um gatilho acelerou para a evolução.

Carminha Levy, Instrutora do Neoxamanismo no Brasil

O patriarcado foi prejudicial para toda a comunidade mágicka. Como exemplo, temos o fato de que os nomes das plantas de poder foram mudados, como evidencia Jan Fries em Mágicka Visual: Um Manual de Xamanismo Freestyle. Segundo ele, perdemos o simbolismo original de muito do que nos é sagrado.

Poder feminino atrofiado

Atrofiamos o poder feminino, renegando seu protagonismo natural. “Na Bruxaria, é a mulher que inicia”, assim Peter Grey se manifesta em Bruxaria Apocalíptica. Mesmo assim, o ensinamento destinado às mulheres é visto pelos soberbos como “autoajuda”, justamente porque este conceito é inconcebível para quem ainda se baseia no velho Aeon.

Assim temos algo que se repete dentro do meio mágicko e em qualquer relacionamento: homens que se encostam no poder feminino, sugando o que podem, oferecendo o mínimo em troca e ainda ficando com todo o crédito.

Mas qual é a verdadeira resposta para isso?

A Mulher Escarlate assumir o discurso de si mesma

Já escrevemos aqui a respeito da Mulher Escarlate. Também evidenciamos em diversas ocasiões o poder do sangue sagrado feminino, ou da menstruação.

A Mulher Escarlate, a mulher do sumo Lunar, é fundamental para a mágicka. […] Babalon, a Mulher Escarlate, é a Estrela de Sangue, a Estrela Rubi típica do Norte, o ponto cardeal em cuja direção os Iazidis se voltavam quando invocando seu “Diabo”.

O Renascer da Magia, Kenneth Grant 

Há diversos magistas poderosos que de fato reconhecem a mulher como ela de fato é, ao invés de tentarem diminuir seu trabalho ou mandarem cantadas indecorosas via mensagens de texto. Mas será o suficiente?

O quanto as mulheres ainda manifestam o discurso da inferioridade, sendo iniciadas por outros homens inclusive nos mistérios femininos? O quanto aceitam a lei do mínimo esforço e permitem se relacionarem com magistas de menor qualidade apenas por que são educados ou hierarquicamente inferiores? E quando não aceitam que deveriam trabalhar seu lado dominante?

Cabe à bruxa do novo Aeon entender que homens, magos ou não, precisam de disciplina. A lei do mínimo esforço não será mais tolerada. Apenas respeito não é o suficiente.

Mencionei antes neste livro que até mesmo o homem menos valioso pode ser empregado por uma bruxa para aumentar seu poder, se não houver outro motivo.

Anton LaVey

Em Bruxaria Satânica, Anton LaVey deixa evidente o que é esperado de uma bruxa do ponto de vista masculino. É importante que o discurso pró-feminista não seja usado para amortercer e aliviar a verdade da carne. Pois aquelas que fizerem isso, estarão apenas enganando a si mesmas.

Magnetismo Feminino

LaVey nos dá uma aula sobre o magnetismo feminino e como ele pode ser empregado ao nosso favor, inclusive em relação aqueles que nos subestimam. Ao nos apropriarmos da visão alheia, dos esteriótipos e de técnicas astrais, controlaremos o discurso.

O que você, como bruxa, acumula na forma fé poder do desejo vindo dos outros lhe dá grande poder magnético sobre as pessoas. […]

Anton LaVey

Este magnetismo deve ser usado não apenas para nos impormos enquanto mulheres, mas também como bruxas. Uma vez que aqueles que estão ao nosso redor sequer entenderão os motivos pelos quais se sentem tão fascinados pelos nossos discursos.

Confronto Direto

O Magnetismo Feminino pode e deve ser contrabalanceado com o confronto direto, ou seja, quando deixamos evidente a nossa posição.

Foi a tática usada por Raquel Ferraz e Mariana Falcão, que colocaram as cartas na mesa e deixaram claro que não são a sua Babalon. Você inclusive pode encontrar sua camiseta aqui.

De forma geral, seja sensualizando ou confrontando, é necessário que mais e mais mulheres tomem frente do próprio discurso, pois o verdadeiro segredo da Babalon a ela somente pertence.