Frater Optimus e a Pop Magic!

Frater Optimus e a Pop Magic!

Frater Optimus

Nosso colunista, Frater Optimus, é um mago das antigas que traz suas opiniões controversas para o que ele chama de “juventude” (qualquer um com menos de 60 anos). Às vezes nem nós da Penumbra concordamos com ele, mas é bom ouvir a voz da experiência de vez em quando – alguma dessas reflexões pode mudar sua forma de enxergar as coisas.

Dessa vez, Frater Optimus dá sua opinião sobre o clássico Pop Magic! de Grant Morrison.

Era só o que me faltava. Esses dias me encheram tanto o saco que aceitei ler o tal Pop Magic! do tal Grant Morrison. E para minha surpresa, acho que esse menino tem até um certo mérito. O mérito de concentrar uma quantidade extraordinária de asneiras em tão poucas páginas!

Se você quiser gastar meia hora da sua vida, você pode ler o Pop Magic! aqui. Mas eu sinceramente acho que você vai me agradecer pelo conselho: não faça isso. Continue aqui comigo.

Desde o começo, Pop Magic! já enfia os pés pelas mãos. Magia para as massas? Está claro que isso não tem como dar certo. Imagine só o que aconteceria se esse bando de gente ignorante começasse a conseguir alterar a realidade! O tal do Morrison já começou mal.

Mas piora. Logo na sequência, ele diz que qualquer um pode praticar magia, desde que consiga se concentrar, imaginar, não se levar muito a sério e aprender com os próprios erros. Essa é uma das maiores besteiras que alguém pode falar a respeito da magia. Magia exige muito mais do que isso. Dar às pessoas a falsa impressão de que qualquer um pode ter sucesso é uma canalhice, uma clara demonstração de mau-caratismo do Sr. Morrison.

Piora ainda mais. Na sequência vem uma das maiores abobrinhas que já li na minha vida:

Magia é fácil de fazer.

O que esse imbecil tomou antes de escrever isso? Estou começando a me questionar se ele é mau caráter ou simplesmente um asno. Como alguém que diz praticar há décadas tem a cara de pau de dizer que magia é fácil?

É pior do que isso. Morrison não apenas defende que a magia é fácil, como despreza a necessidade de estudo e conhecimento – ler livros, para ele, serve só para “entrar no clima”. Na opinião dele, uma “punhetinha” resolve todos os problemas do mundo. Sigilos (a técnica mais supervalorizada que eu já vi na minha vida), segundo ele, sempre funcionam. E ele repete, insistentemente, que eles sempre funcionam. Não importa se você sabe o que está fazendo ou não. Que coisa ridícula. Francamente.

Banimentos. Pop Magic! defende que para fazer um banimento basta visualizar alguma coisa (qualquer coisa!) te protegendo, e que dar umas risadas é mais eficaz do que um ritual sério de banimento. Eu sinceramente estou surpreso de ver que alguém que pense assim tenha sobrevivido por tanto tempo praticando (o que chama de) magia. A única explicação que vejo para isso é a seguinte: ele não precisa de defesas eficazes porque a magia dele não é forte o suficiente para atrair nada que exija proteção. Não consigo pensar em outra possibilidade.

Apesar de não ser a bobagem mais séria, acho que o que mais me ultrajou em todo esse artigo – dá para chamar esse monte de lixo de artigo? – foi a parte sobre invocações. Esse tal Pop Magic! apresenta a ideia absurda de que fazer invocações de personagens fictícios é uma prática válida. Ele sugere (acredite se quiser, leitor!) que invocações de personagens de histórias em quadrinhos e filmes, e até desses malditos Pokémons, são tão válidas quanto de deuses gregos.

Eu fiquei tão revoltado que quase parei de ler nesse ponto. Fui até o fim esperando uma retratação, um pedido de desculpas. Mas isso nunca aconteceu.

No fim das contas, eu acho que esse Pop Magic! e esse tal Grant Morrison representam perfeitamente essa nova geração da magia. Gente burra, preguiçosa, pretensiosa e completamente desconectada da realidade, que nunca vai conseguir chegar a lugar nenhum.

Isso, é claro, considerando que o Sr. Morrison esteja de fato escrevendo com boas intenções.

Porque, embora ninguém com quem eu tenha conversado pense dessa forma, eu acredito que Pop Magic! e outros escritos nessa linha tenham o objetivo verdadeiro de colocar os jovens em um caminho errado, ao mesmo tempo fazendo eles pensarem que estão revolucionando o mundo.

Meu caro leitor, se você pensa que o que Morrison diz tem um mínimo de validade que seja, ouça meu apelo. Não siga esse rapaz. Ele só quer alienar você. O caminho que ele descreve não representa a Grande Obra da Magia. Detesto ser o portador de más notícias, mas o caminho da Pop Magic! é preguiçoso, e nunca vai funcionar. Eu entendo o encanto que isso tem para a juventude, mas ouça a voz da experiência: isso é a maior furada em que você pode se meter.

Mas se você não quiser me ouvir, preferir seguir esse menino fedendo a leite, e acha que está revolucionando o mundo dessa maneira, o problema é seu. Já tentei te dissuadir. Fico feliz que esse texto ridículo nunca vai cair no gosto do povo, uma pessoa sem talento que nem esse Morrison nunca vai conseguir fazer sucesso. E minha parte está feita. Lavo minhas mãos. Eu, heim.

Ilustração: Grégoire Guillemin

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