Começamos esta série sobre as principais armas mágicas discutindo a Baqueta (ou varinha, bastão, etc.) – o instrumento da Vontade do magista. Aqui discutiremos a Taça, que é sua ligação com o Invisível.
Em contraste à baqueta, que representa o fogo e tem caráter notoriamente fálico, a taça se relaciona com o elemento água, e representa claramente o princípio negativo, feminino. Ao contrário do que foi popularizado pelo Código Da Vinci, o graal não é um sarcófago, e sim um útero. Este simbolismo é mostrado claramente na Taça de Babalon, no arcano XI do Tarô de Thoth.
Ela representa o entendimento do Magus, sua conexão com o mundo sutil. É um instrumento para facilitar a percepção do que não faz parte da realidade objetiva. No começo da jornada do magista, este recipiente está vazio, pois sua compreensão é limitada. Faz parte da obra da Taça encher este cálice com conhecimento e sabedoria. Mas é claro que esta não é uma tarefa simples – afinal, ele não deve ser preenchido com qualquer coisa. Selecionar seu conteúdo antes de enchê-lo é primordial.
Peter J. Carroll diz que esta arma mágica deve apenas prover uma forma de estimular a intuição do magista, podendo ter qualquer forma: um cálice, um espelho, ou mesmo um baralho de cartas. Aleister Crowley, em seu Livro Quatro, Parte II, apresenta outra abordagem sobre as armas mágicas, descreve em detalhes o simbolismo da taça, e dá instruções específicas sobre como ela deve ser construída, considerando os princípios da Luz, do Sol e do Fogo. Se for construída desta forma, o magista pode usá-la também para purificação, e não somente para melhorar sua percepção.
Crowley apresenta outro simbolismo deveras interessante:
“A Taça Mágicka . . . é também a flor. É o lótus que se abre para o sol, e que coleta o orvalho. Este Lótus é a mão de Ísis, a Grande Mãe. É um símbolo similar à Taça na mão de Nossa Senhora Babalon.”
Kenneth Grant, em O Renascer da Magia, complementa estes conceitos com uma simples equação semântica, evidentemente explicando todo o simbolismo nela contido:
“Lótus = Flor = Taça = Mulher = Vama = Secreção.”
Livro Quatro, Parte II, de Crowley, discute em detalhe todas as armas mágicas. No caso particular da Taça, são dadas instruções claras sobre sua construção e seu uso correto, no sentido prático e simbólico. O Renascer da Magia explica em maiores detalhes o simbolismo da Taça do ponto de vista do tantrismo. Ambos estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.
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