Usando a Magia para o Mal

Usando a Magia para o Mal

Você já deve ter ouvido aquela história mais do que instrumentos e ferramentas são isentos de moralidade. Dentro desse raciocínio, uma chave de fenda, apesar de ser criada para apertar e afrouxar parafusos, pode ser usada como arma em um assassinato brutal. E uma arma de fogo, que a princípio é um instrumento feito para matar, pode em certas circunstâncias ser usada para evitar violência, ou mesmo como equipamento esportivo. Dentro dessa lógica, a magia não pode ser boa nem má. Ela é apenas um instrumento, e bondade ou maldade vem de quem a usa. A própria ideia de bem e mal é um tanto controversa. Mas, simplificando as coisas, será que há sentido em prejudicar alguém usando magia?

O Eterno Conflito do Bem Contra o Mal

Uma das perguntas filosóficas mais difíceis de se responder é: o que é o mal?

Tentamos responder a essa pergunta desde que a humanidade se entende por humanidade, e até agora não há consenso. E parece que não haverá tão cedo.

O mal é a ausência do bem? É o oposto da virtude? É o instinto normal da espécie humana? É influência do Diabo? É uma patologia que deve ser combatida?

Tanto faz. As implicações filosóficas de cada uma dessas posições vão longe, mas para efeitos no que diz respeito à magia para “o mal”, não faz muita diferença. Magia maligna pode ser definida como magia que afete negativamente o outro – e não tem nada a ver com magia negra.

A Pulga Atrás da Orelha

Uma discussão recorrente entre praticantes de magia é a seguinte: é possível fazer magia sem prejudicar o outro?

Algumas formas de magia parecem completamente inócuas para terceiros. Operações de iluminação, por exemplo, só dizem respeito ao operador, e tendem a torná-lo uma pessoa melhor. É difícil imaginar como isso pode prejudicar alguém.

Mas há quem argumente que toda obra de magia que tenha por objetivo alterar a realidade consensual tem o potencial de prejudicar alguém. Exemplos:

  • Um encantamento para conseguir um emprego. Se der certo, significa que outra pessoa deixou de conseguir a mesma vaga.
  • Uma amarração de amor. Significa que você está impactando o livre arbítrio de uma outra pessoa.
  • Magia de cura. Quem disse que o alvo da sua magia quer de fato ser curado?

Ao mesmo tempo que essas são preocupações válidas, esse tipo de raciocínio é paralisante. Se você ficar pensando nisso, não vai fazer nada na sua vida. Nem no âmbito da magia, nem nas realizações do cotidiano.

Vale a pena fazer magia maligna de propósito?

Quando se trata de magia, não há consenso sobre muitos temas, e o uso de magia maligna não é novidade. Cada tradição e cada corrente tem algo diferente a dizer.

Wicca e a Bruxaria Contemporânea

Um dos argumentos clássicos contra o uso da magia para causar o mal é de que há um preço a se pagar. Esse é o caso com a Wicca, por exemplo, com sua Lei Tríplice.

Em Bruxaria Apocalíptica, Peter Grey ressalta que o fundamento do pharmakon é que o veneno e a cura são exatamente a mesma substância, apenas em concentrações diferentes. Isso relativiza a costumeira polarização entre bem e mal.

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Thelema

O Livro da Lei, base da doutrina Thelêmica, afirma que “Todo homem e toda mulher é uma estrela” (AL I:3). É claro que esta afirmação permite inúmeras interpretações, mas uma delas é de que cada pessoa tem uma “órbita” a seguir, e é possível seguir seu caminho sem entrar em rota de colisão com ninguém.

Magia do Caos

Peter J. Carroll, um dos criadores da Magia do Caos, apresenta uma visão neutra e pragmática:

O combate mágico deve ser tratado com a mesma seriedade que se trata um ataque, inflição de aflição e doenças, sérios danos físicos e assassinato. O protagonista que estiver psicologicamente despreparado para fazer essas coisas fisicamente não será capaz de realizá-las psiquicamente.

 

Peter J. Carroll – Liber Null e Psiconauta, p. 139

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A Melhor Defesa é o Ataque

Um argumento moral tradicional afirma que nunca se deve começar um conflito, mas que legítima defesa – ou seja, atacar para combater um ataque sofrido – é justificável. Este é, inclusive, um princípio que norteia nosso código jurídico.

Mas como saber se você está sendo magicamente atacado ou prejudicado de alguma forma? Esse tema é um tanto complexo, e pode valer a pena ler este artigo.

E se você identificar que está, de fato, sendo vítima de um ataque? Neste caso, é bom você se preparar para um confronto mágico.

Se por qualquer motivo você sentir a necessidade de lançar um ataque mágico deliberado contra alguém, existem inúmeras formas de fazer isso. A maioria exige bastante preparo e habilidade mágica. Muitas das instruções que se encontra por aí na Internet são simplórias, ineficazes e até mesmo perigosas.

Nicholaj de Mattos Frisvold, em A Arte dos Indomados, ensina feitiços de amor e de aprimoramento pessoal, mas também dá instruções simples para dois tipos de ataque: uma magia com bonecos e uma poderosa maldição usando cordas.

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Mas será que esses artifícios realmente funcionam? Será que compensa prejudicar outras pessoas? Isso só quem pode responder é você, com base em suas experiências. Se quiser, compartilhe essas experiências aqui  nos comentários.

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