John Constantine e o Segredo Definitivo da Magia

John Constantine e o Segredo Definitivo da Magia

Por Laphroaig Al’Hazred

Como se fazer carne e nunca morrer!

Imagine um mago carismático, capaz de reunir uma equipe de indivíduos com habilidades e especialidades únicas com o objetivo de lutar contra ameaças sobrenaturais. Um mago que muitas vezes manipula seus associados de maneira obscura e sem nenhuma ética para atingir fins que só ele parece conhecer!

Pois é, nós sabemos em quem você está pensando, e você errou feio!

Mas não se preocupe, você não está sozinho.

Em 1985, perguntaram a Alan Moore se ele havia se “inspirado” na personagem do Barão Winters, líder da Night Force para criar Constantine. Moore respondeu que, apesar de ser fã da Força Noturna, ele não havia se inspirado no Barão para criar o seu mago. Como assim – você não sabe quem foi o Barão Winters? Claro que sabe, ou pelo menos já o viu. Apenas não se lembra. Corra para pegar a sua edição de Os Livros da Magia, escrita por Neil Gaiman, e veja quando Constantine se encontra com o Barão, provocando-o a sair de casa e dar um pulo na esquina, enquanto está tutorando o jovem Tim Hunter. Sim, até Neil Gaiman gosta de cutucar o velho mago britânico.

Mas Alan Moore não apenas respondeu que não havia descaradamente copiado a personagem da DC para criar o seu mago. Ele disse, literalmente:

Eu não sei no que estava pensando [quando criei] Constantine. Eu simplesmente queria uma personagem que sabia de tudo e conhecia todo mundo – alguém muito carismático.

“O quão carismático?”, você pode se perguntar. Bem, nunca foi segredo que o personagem nasceu de um desafio. Steve Bissette e John Totleben, os parceiros de Moore, queriam desenhar um personagem que se parecesse com Sting. Tendo recebido o desafio, Moore teve que parar para pensar como ele colocaria Sting no meio da história do Monstro do Pântano, um personagem que deixava de ser um Prometeu da química e assumia seu lugar como um elemental da natureza, um ser mítico e místico. Estava envolvido até o pescoço com criaturas infernais e seres mágicos. Moore decidiu, então, criar um mago diferente daqueles que habitavam os quadrinhos, seres de classe média, austeros, exóticos – pessoas que não conseguiriam sair na rua para ir comprar um pão na padaria da esquina. Foi assim que nasceu um mago do povo, um mago que era gente como a gente, um mago representante das classes trabalhadoras e oprimidas, que teve uma banda punk na adolescência, que se fodeu brincando com magia. Enfim… assim nasceu Constantine. Ou será que ele foi nascido?

Cada suspiro que você der, cada movimento que você fizer, eu vou estar de olho em você

Imagine por um segundo que você é um mago das ruas, nos anos 1980. Um mago que cresceu nas ruas, que fuma feito uma chaminé. Imagine que você é um mago que curte quadrinhos. Até onde você estaria disposto a ir para realizar seu desejo?

Certo dia, Alan Moore passeava por Westminster, em Londres (longe de sua cidade de Northampthon), e decidiu ir comer um sanduíche. Estava dentro de uma lanchonete quando de repente surge nas escadas John Constantine. Não Sting, não alguém fazendo cosplay, mas o próprio Constantine. Ele estava vestido com seu sobretudo, cabelo curto, e nem sequer se parecia com o Sting. Nas palavras de Moore “ele era exatamente igual ao Constantine”. E prossegue: “ele olhou para mim diretamente nos olhos e sorriu, acenou com a cabeça de maneira quase conspiratória e foi para o fundo da lanchonete. Eu fiquei sentado ali pensando se devia ir atrás dele ou simplesmente terminar meu sanduíche e sair. Me decidi pela última opção, eu achei que seria muito mais seguro”.

Esse não foi o único encontro de Moore com o mago. Em uma segunda ocasião, Constantine se aproximou de seu “criador”, simplesmente se materializando do escuro, e sussurrou:

Eu vou te contar o segredo definitivo da magia. Qualquer babaca pode fazê-la.

Absurdo? Neil Gaiman supostamente se encontrou com Chorozon na rua no meio de um festival (mas isso é assunto para outro dia), e muitas pessoas diziam ver os personagens de O Sombra ao redor da casa onde Walter Brown Gibson “criava” suas histórias.

Agora imagine que você vive em um mundo onde magos, demônios e místicos orientais com o poder de controlar mentes se utilizem de escritores populares para se imortalizarem, ou para nos mandarem mensagens de que o mundo é muito mais complexo do que imaginamos, enquanto estamos correndo para não perder o ônibus, não nos atrasarmos para o trabalho ou para não perdermos a data de entrega de nossos trabalhos da escola ou faculdade. Incrível? Bem, é claro que existe uma segunda possibilidade para essas aparições. Você já ouviu falar de Tulpas?

 

Vamos falar especificamente sobre Tulpas em uma outra ocasião, mas enquanto isso você pode matar sua curiosidade lendo a parte sobre Evocação do Liber Null e Psiconauta, que você encontra na nossa loja.

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