Hashashin: A Intrépida Trupe de Hassan I Sabbah

Hashashin: A Intrépida Trupe de Hassan I Sabbah

Não é normal que um grupo com existência histórica sai das trevas do esquecimento e ressurge com status de mito quase mil anos depois. Mas os Hashashin de Hassan I Sabbah são qualquer coisa menos normais.

Os Hashashin Históricos

Há duas possibilidades para a origem do termo Hashashin. Pode vir do termo hash-ishiyun, que significa fumadores de haxixe; ou de Asasiyun, que significa seguidores dos fundamentos da fé. É claro que uma coisa não exclui a outra, já que psicotrópicos sempre foram usados para alcançar estados alterados de consciência, e estão intimamente ligados ao êxtase religioso. Seja qual for a versão verdadeira, os Hashashin não eram apenas “maconheiros” nem apenas seguidores de uma fé fundamentalista.

Eram assassinos.

Os Hashashin eram Nizaris (um subgrupo dos ismaelitas, que é um subgrupo dos xiitas, que é um subgrupo do islamismo) da época medieval. Como eram um grupo muito restrito, suas ideologias e métodos não representam, de forma alguma, a totalidade do Islã.

O grupo foi fundado por ninguém menos do que Hassan I Sabbah (1050-1124), conhecido como O Velho da Montanha. Sua vida anormalmente longa para a época (74 anos) gerou toda uma mítica em volta de sua suposta imortalidade. Há uma corrente que defende que mais de uma pessoa incorporou o “personagem” de Hassan i Sabbah, dando a impressão de uma vida bem mais longa do que a média.

Os Hahashin perduraram até 1256, com uma breve retomada em 1275. Durante esse período, se estabeleceram na (quase) inexpugnável fortaleza de Alamut (O Ninho da Águia) e aterrorizaram seus inimigos religiosos e políticos.

Assassinatos

A tática militar mais famosa dos Hashashin era o assassinato. Seus inimigos eram eliminados em ações estratégicas frequentemente realizadas às vistas de multidões, e ocasionalmente resultando na morte do próprio assassino. Isso era mais do que suficiente para que ninguém quisesse pisar nos calos dos temíveis Assassinos.

Os Hashashin foram relevantes no cenário do oriente médio durante o período das Cruzadas, e seus atos foram narrados pelo contador de histórias Marco Polo. Foi assim que seus métodos temíveis e nada convencionais se tornaram conhecidos na Europa. Sua fama persiste até hoje, embora a visão que temos atualmente a respeito deles seja irreal e fortemente deturpada.

Os Hashashin na Ficção

Os seguidores de Hassan I Sabbah estão por toda parte na cultura pop de hoje, representados com maior ou menor grau de veracidade.

Vampiro: A Máscara

No jogo de RPG Vampiro: A Máscara, o clã dos Assamitas é fortemente inspirado nos Hashashin. O centro físico e espiritual do clã é a fortaleza Alamut. Seu líder, também um vampiro, era O Velho da Montanha (uma clara referência a Hassan I Sabbah e sua suposta imortalidade). Além disso, o clã dos Assamitas é conhecido por suas táticas de assassinato, muito similares às dos Hashashin históricos.

Robert Anton Wilson

Robert Anton Wilson é uma figura difícil de se compreender. Ele escrevia ficção e não ficção, e às vezes é difícil separar os dois. Um desses casos é quando se refere aos Hashashin, dizendo que eles foram a origem secreta dos Illuminati da Baviera, um grupo que só foi fundado séculos mais tarde. No meio da era da desinformação, no final da década de 1960, as pessoas tinham o péssimo hábito de acreditar em tudo que liam. (Aparentemente, isso não mudou muito nos últimos 50 anos.) E o estrago estava feito. Muita gente acredita até hoje que os dois grupos estão ligados, embora isso seja provavelmente apenas uma bricadeira elaborada.

Assassin’s Creed

Mas certamente os Hashashin ficarão conhecidos pela geração de hoje por causa dos jogos, livros, quadrinhos e filmes da franquia Assassin’s Creed. Na mitologia dessa série, a seita dos Assassinos não foi fundada por Hassan I Sabbah, tendo origens bem mais antigas. Mas o Alamut e o Velho da Montanha são bastante relevantes da história de Altaïr, um importante assassino. Se você perdeu essa parte da história, fica a dica do Assassin’s Creed: Revelations.

Magia do Caos

Apesar das várias distorções históricas, uma coisa o Assassin’s Creed acertou. A frase lema dos Assassinos – “Nada é Verdadeiro, Tudo é Permitido” – é atribuída a Hassan I Sabbah, e parece que, realmente, foi ele quem a cunhou.

Essa máxima aparece bem no começo do Liber Null e Psiconauta, de Peter J. Carroll, e permeia a filosofia por trás da Magia do Caos. Seus significados são múltiplos demais e profundos demais para serem discutidos em um breve parágrafo.

 

Entre os vários temas abordados pelo Liber Null e Psiconauta estão os usos ocultos das drogas – incluindo o haxixe – e inúmeras razões pelas quais nada é verdadeiro e tudo é permitido. O Principia Discordia, que foi parcialmente escrito por Robert Anton Wilson, é um prato cheio para quem se interessa por teorias da conspiração. Os dois livros estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.

 

Veja Também:

Quimiognose: Drogas e a Magia

Entrevista com Peter J. Carroll

Liber Null e Psiconauta

Principia Discordia

 

Imagem: Chris Malidore

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