Os Mistérios de Thoth

Os Mistérios de Thoth

“Deixe seu conhecimento, saia com três vezes mais. Entre pequeno, saia três vezes grande.”

 

Inscrição em uma certa porta, em Kalciferum – Demônios, Bruxas e Vagantes, de Andrei Fernandes

Já falamos em vários textos por aqui que todo panteão reúne diversas personificações de arquétipos da psique humana. Alguns desses arquétipos se repetem em diversas culturas, com diferentes nomes. O arquétipo mercurial é um dos mais presentes nas tradições do mundo. É representado por Hermes, Mercúrio, Loki (e também Odin), e até mesmo pelo Flash, se você considerar as histórias em quadrinhos como uma mitologia moderna. Mas aqui vamos dar destaque a uma das representações mais interessantes desse arquétipo: Thoth.

Thoth não é apenas mercurial

Thoth (às vezes chamado de Tot, ou Toth) é a versão egípcia desse arquétipo. Mas ele nem sempre foi uma representação mercurial. Nos primórdios da civilização egípcia, era um deus lunar, e não mercurial. Em muitas representações posteriores, ainda manteve o disco lunar, como uma herança de seu passado. De acordo com o Liber 777, ele enquadra-se não apenas como mercurial, mas também como uraniano. Bastante adequado para um deus da magia.

A letra Cheth (ח), e consequentemente o número 8, que é o número da magia, estão associados a Thoth. De fato, ele é considerado o inventor da escrita, o escriba dos deuses, o detentor do conhecimento. Que é justamente aquilo que todo mago busca, no fim das contas – mesmo sem saber.

“Pois eu sou perfeito sendo não; e meu número é nove pelos tolos; mas com o justo eu sou oito, e um em oito”

 

AL, II:15

O Tarô e o Babuíno

O Tarô também tem uma relação direta com esse deus – não é à toa que é também chamado de Livro de Thoth. O conhecimento contido em suas 22 chaves representa o corpo da tradição hermética. E não é à toa que essa tradição se chama hermética.

Embora a representação antropozoomórfica de Thoth seja um íbis, em muitas imagens e descrições ele é representado na companhia de um babuíno, ou cinocéfalo. Trata-se de um animal incômodo, que atrapalha até mesmo o julgamento dos mais racionais. É uma metáfora para a dualidade entre razão e sua ausência, que afeta cada um de nós. É da natureza de Thoth representar a epítome da sabedoria, mesmo sendo atrapalhado por um macaco. E fica aqui o exemplo a ser seguido.

Deuses Antigos

Uma última curiosidade a respeito de Thoth. Duas das entidades dos mitos de Lovecraft pegam seu nome emprestado: Yog-Sothoth e Azathoth.  Em O Renascer da Magia, Kenneth Grant levanta a possibilidade destes seres supostamente fictícios serem na verdade manifestações subconscientes de forças muito reais. Será mera coincidência?

O clássico O Renascer da Magia detalha o simbolismo e os significados numéricos de Thoth, além de trazer uma tabela de possíveis correlações entre entidades lovecraftianas e o ocultismo tradicional. Na ficção Kalciferum – Demônios, Bruxas e Vagantes, de Andrei Fernandes, há um grupo de pessoas fortemente envolvidas com o arquétipo de Thoth (mas falar mais do que isso seria um spoiler). Você encontra ambos os livros (ou um pacote promocional com os dois!) na loja da Penumbra Livros.

Os Mistérios de Thoth

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