Gha'agsheblah, Os Golpeadores

Gha’agsheblah, Os Golpeadores

Em nossa escalada da Árvore do Conhecimento, já passamos por seis Qliphoth: Lilith, Gamaliel, Samael, A’arab Zaraq, Thagirion e Golachab. Esta é a vez da sétima Qliphah, a última antes do Abismo: Gha’agsheblah, Os Golpeadores.

Gha’agsheblah vs. Chesed

Esta Qliphah é a última parada antes do Abismo na ascensão da Árvore do Conhecimento. Na Árvore da Vida, a tríade superna das Sephiroth é formada de conceitos ligados ao intelecto, e as demais esferas, à ação. Com as Qliphoth, as três esferas superiores representam potencial ainda não realizado, enquanto as sete inferiores são ligadas à realidade objetiva.

Toda Qliphah tem um antipolo na Árvore da Vida, e o de Gha’agsheblah é Chesed. Tova Sender associa Chesed à benevolência e à complacência, em sua Iniciação à Cabala. Outro nome dado a Chesed é Guedulá, que significa Grandeza. Como é comum com as Qliphoth, Gha’agsheblah representa uma faceta obscura dessas características.

Gha’agsheblah recebe o nome de Os Golpeadores, os aviltadores. Não há aqui nenhuma misericórdia. Não se pode ter misericórdia num ponto tão importante de preparação para adentrar o núcleo, a essência do universo, representado pelas três Qliphoth superiores.

Os Demônios de Gha’agsheblah

Os poderes demoníacos de Gha’agsheblah são comumente representados nas lendas antigas como gigantes com cabeças felinas. São os responsáveis por golpear, aviltar e atormentar aquele que passa por essa esfera.

Como todas as Qliphoth, esta Qliphah tem seu demônio regente – ninguém menos do que Astaroth. Astaroth é um grão-duque (não confundir com esse), e o 29º demônio da Goécia. De acordo com algumas hierarquias, é um dos três demônios mais importantes, ao lado de Belzebu e Lúcifer.

Apesar de ser obviamente masculino, Astaroth é baseado no arquétipo da Ishtar babilônica e da Inanna suméria – ambas deusas de fertilidade e guerra. Inanna é de particular interesse, pois de acordo com a mitologia, seu caminho é metaforicamente o mesmo do magista que percorre a Árvore do Conhecimento.

A Obra de Gha’agsheblah

De acordo com as antigas lendas, Inanna passou por sete portais até se confrontar com as divindades do submundo. A cada portal pelo qual passou, Inanna deixou para trás uma peça de roupa. Ao fim de sua jornada, estava completamente nua. Essa metáfora representa fielmente a obra do magista que trilha o caminho do conhecimento.

No caminho do magista pelas sete primeiras Qliphoth, os atributos mundanos representados pelas Sephiroth opostas são deixados para trás, como as vestimentas de Inanna. Ao alcançar Gha’agsheblah, está totalmente nu, pronto para atravessar o abismo e encarar as esferas divinas.

Uma das maiores características dessa Qliphah é o erotomisticismo superior. Aqui, não existe dor ou prazer, morte ou vida. Somente energia pura, e renascimento em meio à morte. Nessa esfera, o magista consolida sua vontade e recupera tudo o que foi despedaçado pelos fogos de Golachab.

Em Cabala, Qliphoth e Magia Goética, o autor Thomas Karlsson apresenta Gha’agsheblah em maiores detalhes, que incluem seu sigilo e suas atribuições alquímicas. Iniciação à Cabala, da autora brasileira Tova Sender, apresenta uma visão bastante didática da Árvore da Vida e das Sephiroth. Os dois títulos podem ser encontrados na loja da Penumbra Livros. Ainda há alguns poucos exemplares da edição de luxo de Cabala, Qliphoth e Magia Goética, com capa dura encadernada em couro de serpente legítimo!

 

Veja também:

Lilith, A Rainha da Noite

Gamaliel, Os Obscenos

Samael, O Veneno de Deus

A’arab Zaraq, Os Corvos da Dispersão

Thagirion, Os Disputadores

Golachab, Os Flamejantes

Gha'agsheblah, Os Golpeadores

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