Minha primeira experiência com cogumelos

Assim como a maioria, cresci ouvindo discursos anti-drogas. Na minha casa, em palestras nas escolas, nas igrejas. E eu ouvia com atenção as histórias horripilantes sobre como as drogas destruíam vidas. Era totalmente o tipo que gritava: “drogas? Tô fora.” Era inclusive contra o consumo de álcool, após ouvir diversos relatos de acidentes a respeito.

Chega um momento, entretanto, especialmente na adolescência no qual crescemos e entendemos que, de fato, tudo sem moderação é um problema. Com a cabeça mais aberta, entretanto, não devemos nos privar de certas experiências só porque tivemos uma educação autoritária.

Eu que era tão contrária à maconha, experimentei uma vez. E depois novamente em raras ocasiões. Para minha surpresa, cada nova experiência era um sabor diferente e um resultado distinto. Lendo artigos a respeito, finalmente descobri que existem diversos tipos da planta que naturalmente geram sensações diversas. Eu fiz parte de um seleto grupo que recebia a maconha limpa, ou seja, eu sabia da sua origem e obtinha o produto sem aditivos.

Aliás, esta é uma questão que sempre me preocupou. Na verdade, não é a droga em si, mas a sua origem, e o que foi misturado nela graças à insana guerra a drogas. Você muitas vezes quer o produto puro, mas acaba recebendo algo que de fato faz terrível mal à saúde.

Conhecendo o universo psiconauta

Quando soube dos benefícios de algumas drogas, acabei me perguntando: mas hora, e quanto às outras substâncias?

Perguntei a conhecidos sobre seus exemplos.

Sempre quis começar a minha experiência no mundo psiconauta de forma sadia e segura. Para isso, pesquisei bastante e tive ajuda de alguém mais experiente na área. Eu já havia tomado chá de lírio, porém sem a devida preparação e conhecimento. Com os cogumelos, a história foi diferente.

Os cogumelos mágickos são considerados os psicodélicos mais seguros para o consumo.

Vi que os Cogumelos estão sendo liberados em diversos países. Isto porque são realmente seguros em comparação às outras drogas. Mas é importante entender que o perigo reside na possibilidade da pessoa confundir um cogumelo comestível com um venenoso. Por isso, todo cuidado para reconhecer a substância é pouco.

Ao explorar substâncias ilícitas ou psicodélicas, há sempre a questão inevitável da segurança. Eu realmente sei o que essa substância vai fazer comigo? Estou no estado de espírito certo para isso? E se eu reagir mal a isso? Quer seja a primeira vez que voe ou esteja preparado para tomar em segurança, não procure mais do que bons e velhos cogumelos. De acordo com um estudo on-line, a droga mais segura a consumir é o cogumelo mágico – seguido de perto pela maconha. Vamos explorar isso um pouco.

PESQUISA INDEPENDENTE
Uma empresa de pesquisa independente, chamada Global Drug Survey (GDS), realiza coletas de dados anuais que exploram os hábitos e as tendências por trás do uso de drogas. Este ano, o estudo incluiu mais de 110.000 participantes anônimos em mais de 50 países. Descobriu-se que, de quase 10.000 pessoas que consumiram cogumelos alucinógenos com psilocibina em 2016, apenas 17 pessoas (0,2%) relataram precisar de tratamento médico de emergência.

SEGURANÇA DE COGUMELOS EM COMPARAÇÃO COM OUTRAS DROGAS
A própria maconha, por comparação, enviou 0,6% dos usuários para a sala de emergência. Essas taxas aumentam quando consideramos substâncias sintéticas no mix: 1% para quem toma LSD, outro 1% para cocaína e 4,8% para metanfetamina. Uma razão para isso pode ser que os cogumelos mágicos lhe dão tolerância a curto prazo. Isso significa que tomar mais não lhe dará necessariamente uma viagem melhor.

Via Azarius 

Minha primeira experiência

Uma vez que me livrei do falso moralismo anti-psicodélicos graças à ciência, só faltava me livrar do medo. Para ser honesta, o medo ainda continuava lá, mas jamais me impediu completamente, pois sou mais curiosa do que medrosa.

Eu particularmente não gosto de usar psicodélicos apenas por diversão ou para parecer descolada. Eu fiz isso num contexto de um ritual. Sendo o primeiro deles para Hécate.

Meu marido e eu queríamos aumentar nossa relação com magia, o que foi uma espécie de iniciação. Arrumamos a mesa principal do banquete, uma cabeça de bode para o centro, pequenas chaves que representavam Hécate e luzes de LED de cor vermelha.

Fizemos o banimento, evocamos Hécate, tomamos os cogumelos e fizemos o banquete.

Foi uma experiência bastante agradável, na qual senti meu corpo aquecer. Eu vi as cores de maneira hipnótica, como se estivessem incandescentes, em especial roxo, rosa e verde. Eu me senti extasiada e um tanto “espacial” por assim dizer. O ponto alto da noite foi ter visto um número especial formado pelas luzes.

Isto porque estou fazendo um projeto especial no qual preciso encontrar números de maneira aleatória.

O ritual durou cerca de 24 horas e foi um sucesso. Eu percebi que era seguro para mim e queria continuar. Meses depois, eu já estava preparada para a segunda dose, maior e voltada para os Oneiros. Mas esta experiência ficará para o próximo artigo.