A Árvore da Morte: Gamaliel, Os Obscenos

A Árvore da Morte, ou do Conhecimento, é uma espécie de mapa conceitual que descreve aspectos sombrios e inexplorados de nossa consciência. Explorar este lado sombrio pode parecer estranho, mas tem seus benefícios. Nessa série de textos, exploramos uma a uma as esferas que compõem essa Árvore. Nossa jornada começou em Lilith, a primeira (ou décima) esfera – leia este texto para entender melhor essa estrutura. Hoje continuamos no próximo nível: Gamaliel, Os Obscenos.

Esta segunda Qlipha é o antipolo da Sephira Yesod, associada à Lua e aos sonhos. Yesod capta influências das Sephiroth superiores, as armazena e as liberta no inconsciente nos momentos adequados. Seu lado escuro, Gamaliel, trata dos sonhos e pensamentos inconscientes, reprimidos e esquecidos. Os sonhos que não lembramos ao acordar, os pensamentos que reprimimos sem perceber.

Lilith estende sua influência a Gamaliel, e é a demônia regente desta esfera. Uma hoste de demônios de natureza sexual também povoa esta Qlipha, principalmente íncubos e súcubos. Em O Renascer da Magia, íncubos e súcubos são definidos como a exteriorização do sátiro, da verdadeira natureza de cada homem e de cada mulher; não são necessariamente, portanto, demônios com existência independente. Mas se todos nos encontramos na esfera dos sonhos reprimidos, que diferença faz? Além de íncubos e súcubos, a lista de demônios que habitam Gamaliel também inclui Shakhabhel, Zachalilim, Lilin, Lilim e Lilioth – além de inúmeros outros que não recebem nomes. Vale observar a presença da raiz “lili” em diversos desses nomes, não se restringindo a Lilith. Isso não é coincidência, como demonstram os estudos da Qabalah e dos antigos escritos judaicos.

A esfera de Yesod está ligada à Lua, enquanto Gamaliel se relaciona com seu lado oculto. O ciclo lunar tem relação direta com o ciclo da fertilidade feminina. Yesod representa a fase fértil; Gamaliel, por sua vez, é a Lua de sangue, a fase menstrual, infértil. Tanto um quanto o outro tem ligação com sexo, mas em Gamaliel, este sexo não é puramente com a intenção de reproduzir. É a sexualidade proibida e reprimida, a devassidão. Todos estes demônios sexuais e instintos proibidos e reprimidos fazem com que esta Qlipha seja designada como Os Obscenos. Este aspecto da Lua de sangue também estabelece sua ligação com práticas de vampirismo.

De acordo com Kenneth Grant, Set, a primeira divindade masculina a ser adorada, está ligado diretamente a Gamaliel. Também há relação direta com Pã, Baphomet e outras divindades similares. Entre as deusas femininas, Hécate é a que mais se destaca.

A exploração de Gamaliel se dá no astral, através de projeções ou sonhos lúcidos. O magista precisa transcender os sonhos comuns de Yesod e adentrar em território desconhecido, pisar no lado oculto da lua. O trabalho em Gamaliel é frequentemente de natureza sexual. É preciso estar preparado para encontros com os íncubos e súcubos (e talvez com a própria Lilith) – o magista fraco se deixa consumir, tendo sua energia sugada; o forte toma proveito desta experiência extática, obtém autoconhecimento e se torna ainda mais poderoso.

O livro Qabalah, Qliphoth e Magia Goética, do Dr. Thomas Karlsson, descreve esta Qlipha em detalhes, além de trazer seu sigilo e uma série de trabalhos mágicos que podem ser realizados nesta esfera. É reconhecidamente a melhor literatura para quem deseja começar a exploração do lado sombrio da Árvore da Vida e dos aspectos obscuros de sua própria existência.

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Pan s’accouplant avec une chèvre, 1752, fotografia de Marie-Lan Nguyen, 2011

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