Como combater a preguiça e a procrastinação para praticar magia

O último texto “lidando com ansiedade na Magia” gerou um debate interessante na comunidade Magia do Caos. Algumas pessoas chegaram a pedir algo a respeito de preguiça e procrastinação, então fizemos uma enquete. Este foi de fato o assunto vencedor.

Somos a favor de cometermos os sete pecados sempre que pudermos e em todos os lugares. Entretanto, quando o pecado se transforma num peso desnecessário, é preciso ponderar melhor sobre como conduzimos nosso dia-a-dia. Ressaltamos que este não é mais um post de motivação e de espiritualidade fast-food, daqueles que te culpam pelo seu estilo de vida. Encare-o mais como um chamado, um desafio.

Mas por que sentimos tanta preguiça? A ciência explica:

Como disse o médico Varella, os animais gastam energia em três situações: “atrás de sexo, de comida e para fugir de predadores”. Os seres humanos gastam energia atrás de dinheiro, geralmente para obterem sexo, comida e para fugirem de predadores. Por isso, magias de amor, banimento e prosperidade são sempre as mais comuns no nosso meio.

Resumindo: se você está tranquilo, sem ninguém para banir da sua vida, com sua luxúria satisfeita, suas contas pagas e comida na sua mesa, dificilmente você se lembrará de praticar magia. Quanto mais sua vida parecer sob controle para você, mais você se afasta da espiritualidade. Então, quando alguns desses tópicos ficam no prejuízo, você corre contra o tempo, recorrendo à espiritualidade novamente para saciar suas vontades… humanas.

Não estamos aqui fazendo juizo de valor. Pratique quando quiser, como quiser, se quiser.

“Trabalhar demais é tão perigoso quanto fumar”.

Andrew Smart, neurocientista

Honestamente, é muito irritante ouvir conselhos sobre aqueles que sabem como nossa vida funciona, mas não fazem ideia. Por exemplo, se você passa horas no transporte público todos os dias, seu cansaço no final irá justificar a vontade de descansar.

Há sempre aquela pessoa com síndrome de super-herói que dirá para você aproveitar todos os espaços livres, especialmente as horas nos transportes públicos.

Outro dia vi um rapaz comentar que ele escreveu um livro inteiro dentro do metrô, enquanto ia para o trabalho, logo, outras pessoas podem fazer o mesmo. Acontece que se o transporte estiver lotado, ficará muito difícil fazer algo além de respirar. E mesmo que não estivesse, particularmente, aquele balançar me dá náuseas.

Meu ponto é: apenas você sabe como seu dia-a-dia funciona, como seu corpo funciona, quais são os seus limites. São comentários desses super-heróis que acabam afastando os outros, pois na prática fica impossível seguir tudo com tamanha determinação.  Muitos dirão qual horário você deve acordar, como você deve fazer seu dinheiro e quais são as fórmulas mágicas essenciais para você praticar.

Se você realmente se forçar demais para caber dentro de alguma dessas formas pessoais, talvez você possa se machucar por demais, restringir seu potencial e acabar produzindo menos do que poderia, pois você está mais preocupado em ser socialmente aceito que de fato livre.

Por outro lado, não use suas limitações como desculpa. Procure dar passos, ainda que pequenos, para se tornar uma pessoa melhor.

Saindo da zona de conforto

Monja Coen sugere que busquemos grupos para mantermos a disciplina. De fato, as pessoas podem dar energia umas as outras se montarem desafios em público. É por isso que muitos magistas buscam covens, ordens e amigos. Quando você monta um cronograma público, é mais comum que você se atenha a ele.

Tenho um dia-a-dia bastante caótico, para dizer o mínimo. Mesmo assim, consigo manter a disciplina, assim como comentei no artigo Foco e Disciplina: o outro lado da Magia do Caos que ninguém quer vender para você. No meu caso, eu não estabeleço horários específicos para o que eu tenho que fazer, pois nunca sei quanto tempo irei levar para escrever algo e eu trabalho muito com o sentimento de obsessão.

Agora irei falar algo que é controverso e em hipótese alguma direi que é para você seguir este denso caminho. Talvez seja melhor você procurar aqueles métodos de disciplina japonesa, com coaches que irão te colocar na linha à maneira militar:

Apaixone-se novamente pela Magia

Lembre-se da sensação de ler sobre uma deidade pela primeira vez, daquele primeiro ritual em que você se entregou totalmente, daquela meditação que te fez levantar-se como uma pluma. Agora multiplique essa sensação por 9, até tornar tudo isso viciante. A obsessão, neste caso, funciona como um catalisador para que eu continue as minhas práticas e não pare de escrever.

Eu gosto de energias densas, então é assim que movo a minha vida. A verdade é que só consigo terminar algo/lidar com algo se tiver obcecada por aquilo.

Em nossa sociedade, alguns comportamentos são tidos como virtudes, mas podem ser tão ou mais prejudiciais para nós. Por exemplo, pessoas obcecadas com o trabalho são louvadas, enquanto aquelas que precisam de um tempo maior para descansar são tidas como preguiçosas.

Há magistas que praticam diariamente, várias vezes por dia, enquanto outros se sentem mais confortáveis quando praticam em ocasiões especiais, porque não gostam da sensação de “piloto-automático”.

Muitas vezes o que me leva à preguiça e à procrastinação é simplesmente a dúvida, a sensação de que estou fazendo tudo errado, de que sou inoperante, insuficiente, de que minha magia não serve para nada. Tudo isso gera ansiedade, tal como comentei no último artigo.

O importante, portanto, é simplesmente apaixonar-se novamente por aquilo que você quer praticar na sua vida. Ame a Magia de forma que não dê para ignorá-la, você quer simplesmente experimentá-la hoje e sempre.