Precisamos repensar a sujeira, o barulho e a bagunça que geramos no Ano Novo

Ano novo, vida nova

Você provavelmente já ouviu essa expressão incontáveis vezes. Bem como as tradicionais músicas de final de ano. “Hoje, é um novo dia, de um novo tempo, que já passou…”, esta música, além de não fazer sentido algum, é tão manjada que parece tocar num disco velho e quebrado. É incrível como as pessoas realmente esperam o novo repetindo os mesmos bordões e costumes de sempre. Não deveriam, pois, criar novas tradições, novas músicas? Algo que de fato representasse o significado de novo?

Fecho os olhos e já consigo imaginar como será a virada do cidadão médio brasileiro. Vejo um exército de clones, todos de branco, caminhando em conjunto para aplaudir uma batalha intergalática nos céus.  Os fogos de artifício raramente trazem algum espetáculo realmente digno. Todo mundo espera desenhos interessantes, mas o que temos é o formato de coqueiros, estrelas e corações brilhantes. O que mais pesa é o barulho desnecessário. Todos os anos, centenas de animais de estimação e pássaros morrem durante esta verdadeira guerra nas estrelas. Quem é que se importa com as crianças pequenas, os idosos e os animais?

Na praias brasileiras, o momento é de sujeira e bagunça. A tradição de ofertar flores às deidades foi esvaziada de significado. Este hábito infelizmente gera muita sujeira nas areias e nos mares. É bom lembrar que oferendas como barcos de madeira não são amplamente biodegradáveis. Se eu fosse uma deidade marítima em pleno século XXI, ciente do aumento das temperaturas nos oceanos e da poluição, não iria pedir para que meus seguidores ofertassem nada em minhas águas, mas sim que limpassem as praias no dia seguinte.

Eu proponho um ano de fato novo. Sem fogos de artifício que causam um horrível impacto ambiental, aumentando a emissão de CO2 na atmosfera e forçando a migração de aves. Além disso, eles não são recicláveis e as substâncias contidas neles são tóxicas. Proponho que não façam oferendas em massa nas praias brasileiras, ou que pelo menos elas sejam biodegradáveis. Espero por um futuro novos hábitos, novas músicas e conceitos mais sustentáveis. Até porque, se esperar muito, talvez não haja mais futuro.