Queimando Dinheiro Para Mudar o Mundo

Queimando Dinheiro Para Mudar o Mundo

Uma antiga piada que circula entre os psiquiatras diz que qualquer um é capaz de identificar casos graves de insanidade observando apenas dois sintomas: comer cocô e queimar dinheiro.

O que os psiquiatras não imaginavam é que existe toda uma subcultura de magistas que queimam dinheiro com a intenção de mudar a realidade. Por exemplo, o conjunto musical britânico KLF, profundamente envolvido com o oculto, queimou publicamente um milhão de Libras Esterlinas, como uma forma de protesto. Veja bem, estamos falando de Libras Esterlinas, que valem mais do que o Euro. Não é dinheiro falso. Não é simbólico. Não são cheques em branco. É dinheiro, papel moeda, cédulas de verdade, que essa gente está queimando.

E contrariando a piadinha dos psiquiatras, os raciocínios por trás de tudo isso são bastante razoáveis, e muitos dos envolvidos com essa prática peculiar certamente têm a mente mais sã do que a da maioria das pessoas.

O que é o dinheiro?

O conceito de dinheiro é muito mais complicado do que parece. Ele não é só um pedaço de papel que te possibilita comprar coisas. Para entender por que tem gente que gosta de queimar dinheiro, é importante entender um pouco como ele surgiu e como ele funciona.

Facilitando o comércio

O dinheiro surgiu como um mecanismo para facilitar a vida de comerciantes. Antes do dinheiro, se você tivesse um boi sobrando e precisasse de uma galinha, você tinha um problema. Não valia a pena fazer uma troca tão desigual. O dinheiro virou uma referência única de valor. E facilitou muito a aplicação, na prática, do conceito de troco. Olhando por este lado, o dinheiro não parece ser tão vil e cruel.

Dinheiro oficial

Mas alguém precisa emitir esse dinheiro, de forma oficial, senão qualquer um pode fazer seu próprio. E logo o governo passou a fazer dinheiro, e a perceber que isso lhe possibilitava uma camada adicional de poder sobre a população. Quem emite o dinheiro pode fiscalizar quem ganha quanto, e cobrar impostos de acordo. E, sendo o governo o único emissor autorizado de dinheiro, ele sempre pode fabricar mais quando precisar.

O tal do lastro

É claro que fabricação desenfreada de dinheiro cria um efeito “bola de neve”, e é preciso ter uma forma de controlar isso. Os governos passaram então a adotar o conceito de lastro: uma riqueza material (de verdade, não de papel) guardada em um cofre. Todo o dinheiro que o governo emite representa essa riqueza material.

Então, por exemplo, se o governo tem mil quilos de ouro guardados, e um milhão de dinheiros circulando, cada mil dinheiros valem um quilo de ouro. Se o governo, da noite para o dia, resolver emitir mais um milhão de dinheiros, o mesmo quilo de ouro passa a valer dois mil dinheiros. É matemática simples. E isso causa inflação.

Hoje em dia

O tempo passou, e a maioria dos países (o Brasil inclusive) simplesmente parou de usar lastro. Hoje em dia, o lastro é o que o governo diz que é a capacidade produtiva da economia.

Você conseguiu entender a sutileza? Esse pedaço de papel maravilhoso que nos permite comprar coisas e pagar boletos é apenas uma representação simbólica de que o governo acha que ele vale alguma coisa. E nós sabemos que governos não são confiáveis.

Um teste rápido

Isso é importante. Veja com seus próprios olhos. Pegue uma nota qualquer de Real. No cantinho inferior esquerdo, no lado onde tem o bicho, você vai ver a assinatura do ministro da fazenda e do presidente do banco central. Sabe o que isso significa? Que essas duas confiáveis e ilustres figuras prometem, e assinam em baixo, que esse pedaço de papel vale alguma coisa.

Isso mesmo: esse pedaço de papel na sua mão é só uma promessa do governo de que ele vale alguma coisa.

Vamos aplicar a lógica. Se não dá para acreditar no governo, e a única coisa que garante o valor do dinheiro é o governo, chegamos a uma conclusão. O dinheiro não vale nada. O dinheiro é só uma alucinação coletiva.

O Espírito do Dinheiro

Em Caostopia!, Dave Lee defende a visão de que o Dinheiro pode ser tratado, para todos os efeitos, exatamente da mesma forma que um poderoso espírito, ou mesmo um Deus.

Ele é imaterial. Depende da fé das pessoas para existir. Pode ser visto por alguns como uma alucinação coletiva. Afeta profundamente a vida das pessoas. É idolatrado e adorado.

Você acha que a maioria das pessoas passa mais tempo se preocupando com o dinheiro ou com O Deus abraâmico? Quem concentra mais foco e energia? Quem tem mais força no presente momento?

Sendo um espírito ou um Deus, o dinheiro pode ser tratado como tal dentro da prática mágica. É possível, por exemplo, orar para o dinheiro, fazer promessas para ele, ou mesmo partir em buscas xamânicas para estabelecer contato com esse Grande Espírito.

Ou, se você for radicalmente contra a religião do Dinheiro, e não tiver nenhum respeito pelo que ele representa, você pode, é claro, destruir sua representação máxima – as cédulas, o papel moeda. E a forma mais teatral e chocante de fazer isso é, naturalmente, queimando dinheiro.

Não só rebeldia

Você pode estar pensando que não faz sentido nenhum queimar dinheiro só para mostrar que não concorda com o que ele representa, no melhor estilo “rebelde sem causa”. Porque, afinal de contas, ao queimar dinheiro, você está abrindo mão dele, e de tudo que ele pode comprar. E mesmo que você não concorde com a atual encarnação do Espírito do Dinheiro, todo mundo precisa dele, de uma forma ou de outra. Então, qual é o sentido de queimar dinheiro, afinal?

Destruir algo requer desapego. Isso se aplica a memórias do passado, objetos com os quais se tem uma relação afetiva, entre outros. Queimar dinheiro é, essencialmente, um ato de desapego, de desconstrução do vínculo de dependência (muitas vezes nocivo) que se tem com esse Grande Espírito.

Cortando relações com o Espírito do Dinheiro

Algumas pessoas pensam, racionalmente, que (muito) dinheiro não é pré-requisito para a felicidade. Que é possível levar uma vida feliz com menos bens materiais, sem se matar de trabalhar em um emprego horrível, sem fazer coisas com as quais você não concorda só pelo dinheiro.

Essa abordagem faz sentido, e tudo isso funciona muito bem no âmbito do pensamento e da razão. Mas a necessidade de dinheiro está muito profundamente entranhada em nosso subconsciente. É difícil para nós, criados em uma sociedade capitalista, abrir mão do dinheiro usando só a razão.

Queimar dinheiro é uma das afirmações mais poderosas que se pode fazer, para si mesmo, para interromper um relacionamento abusivo com o Espírito do Dinheiro. É um ato mágico, a quebra de uma maldição, é se livrar de um espírito obsessor. Se o dinheiro, ou a falta dele, te corrói por dentro, talvez queimar dinheiro seja a coisa certa para você.

Uma questão de Fé

Gênesis, capítulo 22. Abraão, fiel a Deus (o Deus malvado do velho testamento), passou por uma provação de fé. Seguindo ordens divinas, levou seu único filho até um local de sacrifícios, e estava pronto para sacrificá-lo em nome de seu Deus. Mas, na última hora, um anjo apareceu e mandou ele parar – estava mais do que provado que ele executaria até o fim a ordem de seu Deus.

A história de Abraão e Isaque é provavelmente alegórica, mas mostra que não adianta fazer sacrifícios que não são sacrifícios de verdade. Se a coisa que você está sacrificando não tem valor para você, ela não é um sacrifício válido. Não adianta sacrificar um boi magro, velho e doente. O animal do sacrifício precisa ser o mais gordo e saudável. E aquele que mais vai lhe fazer falta.

Em relação a sacrifícios de sangue, Peter J. Carroll comenta:

(…) esse método se exaure facilmente, e o feiticeiro pode terminar nadando em mares de sangue, como faziam os Astecas, em troca de pouquíssimos resultados. Sacrifícios de sangue são mais eficazes e mais facilmente controlados ao usar o sangue do próprio operador (…)

 

Peter J. Carroll – Liber Null e Psiconauta, p. 42

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O Verdadeiro Sacrifício

No cenário atual, qual é o sacrifício mais relevante que você consegue imaginar? Animais? Seu próprio sangue? Seu filho único? Não, essas não são as coisas mais preciosas que nós temos.

O que temos de mais precioso é o dinheiro. Lançar um maço de dinheiro às chamas, considerando todo o nosso amor por esses pedaços de papel pintado, é um dos maiores sacrifícios que podemos fazer hoje, e pode servir para potencializar qualquer tipo de ritual, seja de encantamento, evocação, invocação, ou até de iluminação.

Mas não espere que, um segundo antes de jogar um maço de dinheiro na churrasqueira acesa, um anjo vá aparecer para te impedir, como fez com Abraão. Porque não vai. Você vai perder aquele dinheiro, para sempre. E é isso que faz o sacrifício ser tão poderoso.

E se você quiser fazer outras coisas com o seu dinheiro, ao invés de queimar, recomendamos dar uma olhada nos livros em oferta no nosso site:

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