A Consciência de Baphomet

A Consciência de Baphomet

Se Baphomet representa todas as formas de vida na Terra, como deve ser sua consciência? No nosso cotidiano, só experimentamos o ponto de vista de nossa consciência individual, mas esse não é o único ponto de vista que existe.

Para chegarmos a um entendimento sobre a consciência de Baphomet, vamos colocar em perspectiva algumas explicações de consciência global, dos pontos de vista do misticismo oriental, da psicologia atual, da magia, e até mesmo da biologia. Continue lendo. Tudo vai fazer sentido.

Os Registros Akáshicos

A tradição hindu criou, milênios atrás, o conceito de Registros Akáshicos. A Teosofia de H. P. Blavatsky trouxe uma renovada leva de interesse sobre o tema, ao levá-lo ao conhecimento do Ocidente.

Estes Registros Akáshicos seriam o conjunto de registros (e, portanto, conhecimento) sobre tudo que já aconteceu, acontece, e acontecerá em todo o Universo. E, como se fossem uma biblioteca infinita e interdimensional, seria possível acessar magicamente este conteúdo. O acesso aos Registros seria uma explicação para diversos fenômenos ocultos, incluindo telepatia, vidas passadas e divinação.

O Inconsciente Coletivo de Jung

O psiquiatra e psicanalista Carl Gustav Jung ficou famoso por suas maneiras pouco convencionais e pouco “científicas” de explicar o mundo, unindo elementos de ciência de ponta (para o começo do século XX) e até alguns conceitos milenares herdados de tradições ocultas de todo o mundo.

Uma de suas ideias mais famosas (e controversas) bebe bastante do conceito de Registros Akáshicos. Estamos falando do Inconsciente Coletivo. Este conceito pode parecer bastante místico, se você se limitar a pensar nos Registros Akáshicos. Mas para Jung, ele seria na verdade constituído por uma série de estruturas da mente inconsciente, compartilhadas entre indivíduos da mesma espécie.

Isso explicaria, por exemplo, por que pessoas de culturas completamente distintas, que não falam o mesmo idioma e nunca se conheceram às vezes encontram, em seus sonhos, exatamente os mesmos símbolos, exatamente a mesma mitologia. Essas imagens, símbolos e narrativas não seriam, portanto, criações individuais, mas sim constructos coletivos e inconscientes.

E isso não se limitaria a seres humanos, mas a todo tipo de vida. E seria uma explicação, por exemplo, para o instinto dos animais, que em muitos casos sabem instintivamente como se comportar para perpetuar a espécie em situações que nunca teriam como aprender de seus pais ou irmãos. Pense em migrações, ritos de acasalamento e escolha de locais para pôr ovos. De quem esses animais aprenderam isso?

A evolução não acontece da noite para o dia

Se você está acostumado com o conceito de evolução das espécies, sabe que novas espécies resultam de lentas mutações, que vão se acumulando por longos períodos de tempo.

Segundo a hipótese do Inconsciente Coletivo de Jung, cada espécie tem um inconsciente coletivo próprio. O Inconsciente Coletivo do ser humano é diferente do dos cachorros, que é diferente do dos cavalos. Mas seria razoável acreditar que uma única mutação não é suficiente para separar um indivíduo do inconsciente coletivo de seus pais e irmãos.

Se esse distanciamento do inconsciente coletivo de uma espécie não ocorre de forma brusca, e sim gradual, seria razoável considerar que uma espécie pode ter acesso vestigial ao inconsciente coletivo da espécie que a antecede na linha da evolução.

Esse raciocínio nos leva a uma hipótese: é possível que nós ainda tenhamos acesso (mesmo que muito restrito) ao inconsciente coletivo de antepassados distantes.

Símios. Os primeiros mamíferos. Répteis. Organismos unicelulares. Espécies que ainda existem. Outras espécies extintas a milênios. E até mesmo espécies que ainda surgirão, porque não?

Um Lego Cerebral

Peter J. Carroll, em Liber Null e Psiconauta, explica em termos simples o mecanismo de evolução do cérebro humano:

A evolução nos deixou com três cérebros. Ao invés de uma completa reestruturação do cérebro a cada etapa do avanço evolutivo, novos pedaços foram simplesmente acrescentados para cobrir novas funcionalidades. A parte mais nova do nosso cérebro é o que nos faz unicamente humanos. Apenas os símios possuem algo similar. A próxima parte mais antiga é algo que compartilhamos com os mamíferos em geral. As partes mais primitivas do cérebro são algo que os mamíferos, incluindo nós, compartilham com os répteis. O humano tem um homem, um lobo e um crocodilo vivendo dentro de seu crânio.

 

Peter J. Carroll – Liber Null e Psiconauta, p. 179

Essa estrutura em “camadas” dos nossos cérebros, somada com o conceito de Inconsciente Coletivo, explica toda a ideia por trás dos atavismos animais. Nós enxergarmos, instintivamente, em determinados animais, as capacidades e os poderes associados a seus arquétipos. E podemos trabalhar com esses arquétipos para acessar esses níveis inconscientes de poder, conhecimento, capacidade, sensação, etc.

Você já parou para pensar por que os deuses do antigo Egito, que constituem um dos panteões mais completos e antigos do mundo, são quase todos meio humanos e meio animais?

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Os Circuitos de Timothy Leary

O psicólogo Timothy Leary criou uma hipótese muito interessante para explicar o funcionamento da mente humana: os oito circuitos da consciência. E essa hipótese tem tudo a ver com o que falamos até agora.

Correndo o risco de resumir demais, podemos dizer que os oito circuitos passam do estado de consciência mais basal até o mais elevado. Nós, humanos, vivemos boa parte de nossas vidas entre o primeiro (inteligência invertebrada, alimentação e sobrevivência) e o quarto (inteligência pós-primata, emoções e moral). Mas os outros níveis, superiores, podem ser acessados eventualmente.

O sexto circuito tem muito a ver com o que estamos discutindo aqui. Chamado de circuito coletivo neurogenético, ele trata exatamente da capacidade de conectarmos nossas consciências ao roteiro evolutivo e ao inconsciente coletivo de todo o planeta, de todas as espécies, vivas e mortas, e as que ainda virão.

A Consciência de Baphomet

Baphomet representa todas as formas de vida que existem na terra, e também a forma como elas se relacionam entre si, as cadeias alimentares, parasitismo, sinergia, vida e morte. Se formos considerar como uma inteligência única, como será sua consciência?

Usando da terminologia que já apresentamos, a consciência de Baphomet pode ser encontrada no sexto circuito do modelo de Timothy Leary. Nos espaços ainda pouco desenvolvidos de nosso cérebro animal. No Inconsciente Coletivo. Nos Registros Akáshicos.

É tudo a mesma coisa. E qualquer um com um mínimo de dedicação pode experimentar em primeira mão a perspectiva de Baphomet.

É uma experiência profundamente transformadora e iluminadora. Mas também pode ser perturbadora e assustadora. É diferente da experiência mística de exaltação religiosa que muitos monoteístas alcançam em certos pontos da vida, de se tornar um com Deus. Não é nada disso. Tem mais a ver com se sentir parte de um organismo distribuído, gigantesco, do tamanho do nosso planeta.

Acessar a consciência de Baphomet, a força vital de todo o planeta, inevitavelmente derruba alguns muros dentro da nossa cognição restrita. A experiência dura um tempo limitado, mas sempre deixa marcas profundas e eternas no que resta da consciência cotidiana.

O Livro de Baphomet, de Julian Vayne e Nikki Wyrd, apresenta diversas visões sobre o conceito de Baphomet, e traz instruções práticas para começar um relacionamento com essa consciência universal.

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Arte: Lenka Šimečková

A Consciência de Baphomet