Em qual aeon estamos

Em Qual Aeon Estamos?

A humanidade sempre precisou de mecanismos para contagem do tempo. Hoje nem precisamos mais de relógios de pulso. A hora certa e padronizada está estampada em toda parte – dos celulares aos termômetros da rua. Mas milênios atrás, diferentes povos não concordavam em um padrão de contagem de tempo. Se o início e fim dos anos não são padronizados nem mesmo nos dias de hoje (pense no ano novo judaico e no chinês, que não batem com o calendário gregoriano), imagine como as coisas eram milênios atrás. Se temos essa complicação para definir apenas um ano, pense em como eram diferentes os padrões para contagem de um aeon – um grande período de tempo. Povos distintos bolaram mecanismos distintos para definir seus aeons, ou eras.

Vamos dar uma olhada em alguns (não todos) modelos de aeons, e tentar chegar a uma conclusão sobre em qual aeon, afinal, nos encontramos agora.

O que é um Aeon?

Aeon é o nome dado à divindade suprema do Gnosticismo. Mas foi também adotado para representar um longo período de tempo. A duração destes períodos é debatível, e cada cultura tem uma opinião a respeito.

Calendário Maia

Você com certeza lembra do burburinho que foi o final de 2012. Muitos acreditavam que, segundo uma antiga profecia maia, o mundo acabaria em 21 de Dezembro de 2012. Como esse dia já passou e ainda estamos aqui, aparentemente o fim do mundo não chegou na data prevista.

Essa data fatídica não era a última data do calendário dos maias, e nem mesmo o fim do período de tempo mais longo no cômputo deste povo. Na verdade, estamos ainda muito (muito!) longe deste dia.

Ao contrário de nossa contagem de tempo, os maias usavam outras unidades de tempo. O que eles chamavam de Tun era muito similar ao nosso ano solar, com 360 dias. Mas eles também tinham uma unidade conhecida como K’atun, com aproximadamente 20 anos, e o B’ak’tun, com cerca de 394 anos. 21 de Dezembro de 2012 foi apenas o fim do 13º B’ak’tun, e o começo do 14º. O primeiro se iniciou em 3114 A.C. Porém, o B’ak’tun não é a maior unidade de tempo para os maias. Essa se chama Alautun, e dura (pasme!) 160.000 B’ak’tuns, ou seja, nada menos do que 63.081.429 anos solares.

Resumindo, resta ainda muito tempo pela frente até o calendário maia “se esgotar”. Mais de 63 milhões de anos. É muito provável que alguma catástrofe natural aconteça nesse meio tempo, ou que a humanidade termine por se autoexterminar. Quem sabe esse fim chega na virada do próximo B’ak’tun?

Aeon de Hórus

Aleister Crowley defendia que cada aeon tinha a duração média de 2.000 anos. Eventos relevantes para a espiritualidade do mundo marcam a chegada de uma nova era.

De acordo com Crowley, o aeon atual é o de Hórus, e sua chegada foi marcada pelo recebimento do Livro da Lei, no Cairo, em 1904. O final deste deve culminar com boa parte dos humanos alcançando o máximo de seu potencial individual.

Antes do aeon de Hórus, veio o de Osíris, marcado pelas religiões monoteístas. Antes desse, veio o de Ísis, tendo o paganismo como crença fundamental da espiritualidade humana.

É relevante destacar que, segundo os egípcios (inspiração da definição dos aeons de Crowley), a estrela Sirius marcava um período maior de tempo, composto de aproximadamente 26.000 anos. 26 mil anos, ou 13 períodos de 2.000 anos… 13 B’ak’tuns dos maias… Coincidência?

Quinto Aeon

Peter J. Carroll, em seu Liber Null e Psiconauta, define um novo modelo aeônico. Segundo este modelo, estamos na virada do quarto para o quinto aeon. A transição não é imediata nem marcada por um único evento. Algumas pessoas e ideias se encontram atualmente nessa quinta era. Outras nunca sairão da quarta. De forma similar ao modelo de Crowley, de acordo com Carroll cada aeon segue um período da espiritualidade da humanidade como um todo.

O primeiro aeon foi regido pelo xamanismo, no qual o homem e a natureza selvagem estavam em contato íntimo, e todo evento cotidiano carregava uma certa dose de magia.

O segundo foi do Paganismo, marcado pela vida em cidades e pela evolução da agricultura. Com uma profusão de deuses ocupando papel importante no dia-a-dia, o homem acabou perdendo o instinto mágico natural.

O terceiro foi regido pelo monoteísmo, no qual o homem ideal (deus) passou a ser objeto de culto, e não objetivo e exemplo.

O quarto é o aeon do ateísmo. A ciência ganha uma importância excessiva e o inexplicável deixa de ser mágico, passando a ser só isso – inexplicável.

O quinto aeon pretende ser um renascimento da era do xamanismo, porém nos tempos modernos. É nesse momento que o homem há de redescobrir suas capacidades mágicas naturais e instintivas. Tendo superado toda a restrição inerente ao paganismo e ao monoteísmo, e de posse dos avanços providos pela ciência da era ateísta, estará preparado para uma nova etapa de evolução espiritual. E a magia do caos pode ser uma ferramenta para essa redescoberta. Mas, é claro, as coisas podem dar errado.

Pois o quinto aeon tem o potencial de ser um grande renascimento, quando feitos incríveis ocorrerão na terra, e a filosofia Caoista lançará o homem aos confins da galáxia e ao exato epicentro de seu ser.

Ou isso ou uma nova idade das trevas.

 

Peter J. Carroll, em Liber Null e PsiconautaLiber AOM

E afinal, em qual Aeon estamos?

É bem evidente que não existe uma resposta única e absoluta para isso. O que podemos fazer é encontrar os elementos em comum.

Se olharmos com atenção, o Aeon de Ísis se assemelha ao Segundo Aeon de acordo com o conceito de Carroll. O de Osíris, ao Terceiro. O de Hórus parece uma mistura do Quarto com o Quinto Aeon. É razoável acreditar que, se um dos dois modelos está correto, o outro também não está muito errado.

E se você pensar claramente, vai perceber uma coisa. O objetivo final do Aeon de Hórus é o mesmo do Quinto Aeon – fazer com que as pessoas alcancem o máximo de seus potenciais. Então, não importa o nome que se dê. Esse é o momento que estamos vivendo. (E o mundo não vai acabar tão cedo, mesmo que 2016 pareça indicar o contrário).

Em O Renascer da Magia, Kenneth Grant descreve com mais detalhes o cômputo dos aeons segundo a perspectiva de Crowley e dos egípcios. Liber Null e Psiconauta, de Peter J. Carroll, descreve o modelo caoista dos aeons. Ambos os títulos estão disponíveis na loja da Penumbra Livros.

Em qual aeon estamos

 

 

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