Como Funcionam os Sigilos?

Como Funcionam os Sigilos?

Muita gente acha que Magia do Caos é sinônimo de sigilos. É claro que há muito mais além disso, mas é fato que os sigilos são uma das técnicas mais amplamente aplicadas dentro dessa corrente. Você provavelmente já ouviu falar de sigilos, mas você sabe como foram criados? Conhece o mecanismo básico de funcionamento? E sabe como fazer os sigilos funcionarem a seu favor? Nesse texto, vamos explicar as bases fundamentais desse método rápido, simples e eficaz de conseguir resultados mágicos.

O Que São Sigilos?

Sigilos são representações não-óbvias de um desejo, que podem ser usadas magicamente para fazer com que esses desejos se realizem. Mas por que essa representação não deve ser óbvia? Por que não simplesmente expressar o desejo com palavras ou símbolos claros?

A resposta é simples: é da natureza do ser humano ter um desejo subconsciente de fracasso. Em muitos casos, nós mesmos somos nossos maiores obstáculos para conseguir aquilo que desejamos. E se o desejo está claramente expresso, durante a operação mágica, existe um risco grande de que nosso subconsciente jogue contra a concretização desse desejo.

Ou seja: mesmo aplicando toda a concentração e força de vontade sobre a expressão do desejo, é possível que uma força contrária atue em iguais (ou até maiores) proporções. Isso pode fazer com que seu desejo nunca se concretize. Ou, pior ainda, que o tiro saia pela culatra.

Ao trabalhar com sigilos, prepara-se uma representação não óbvia para seu desejo, e o trabalho mágico é feito com essa representação, não com o desejo em si. Você pode não lembrar com exatidão o significado de um símbolo aparentemente arbitrário, mas seu subconsciente lembra. Afinal, foi você quem fez aquele símbolo, certo? Ao se concentrar nos sigilos, e não nos desejos em si, você faz com que o seu subconsciente trabalhe a favor, e não contra a realização dos seus desejos.

A Origem dos Sigilos

Ao contrário do que muitos acreditam, não foi Austin Osman Spare quem inventou os sigilos. Essa técnica é usada desde sempre, e está presente em virtualmente todas as tradições mágicas. O que Spare fez foi, mesmo assim, notável e corajoso. Ele desvinculou estes símbolos de significados religiosos, sistematizou seu uso e as formas de fazê-los funcionar na prática. Em O Renascer da Magia, Kenneth Grant detalha os métodos que Spare usava para trabalhar com sigilos, e conta algumas histórias impressionantes envolvendo essa técnica.

Mas os sigilos estão em toda a tradição mágica, onde quer que você olhe. Estão nos selos goéticos, nos veves do vodu, nos símbolos planetários, e até nas moedinhas riscadas enterradas pelo feiticeiro na terra do bosque. A magia com sigilos, na concepção que temos hoje, é apenas um refinamento de técnicas milenares. O estado da arte dessa tecnologia mágica. Chegamos em um ponto em que qualquer um, com um mínimo de esforço, pode fazer essa técnica funcionar.

As Etapas de um Sigilo

Peter Carroll define, de forma muito resumida, os componentes essenciais para que um desejo se realize através do uso mágico de um sigilo.

Há três partes na operação de um sigilo. O sigilo é construído, o sigilo se perde para a mente, o sigilo é carregado.

 

Peter J. Carroll, em Liber Null e PsiconautaLiber MMM

Construindo o Sigilo

A primeira coisa – primeira mesmo – é definir o que você de fato deseja, e como você quer que esse desejo se concretize. Há algumas recomendações importantes nessa etapa:

  • Pense nas alternativas. Em vez de pedir “dinheiro”, por exemplo, não é melhor pedir “um emprego que pague melhor”?
  • Seja específico. Quanto mais genérica a formulação do desejo, mais genérico pode ser o resultado. Em vez de desejar, por exemplo, “um novo emprego”, deseje “o emprego X, na empresa Y”. O universo tem um péssimo hábito de sacanear com suas escolhas vagas.
  • Facilite as coisas. Seguindo o exemplo do emprego, é muito mais fácil se candidatar para o emprego que você quer do que esperar o RH te ligar, fascinado com seus talentos incomparáveis. Suas ações objetivas são meio caminho andado para ter sucesso nos seus sigilos.

Há inúmeras (inúmeras mesmo, todo dia surge uma nova) formas de se criar sigilos. Os três métodos mais simples e difundidos são o das palavras, o pictórico e o mântrico. Os três são explicados, com exemplos, no Liber Null e Psiconauta.

Perdendo o Sigilo

O princípio de se usar sigilos em vez de desejos claramente expressos é evitar nadar contra a maré, lutando contra nosso subconsciente.

Desejos formulados conscientemente levam tempo para se materializar; desejos subconscientes podem se materializar muito rapidamente. A consciência do desejo vicia todo o processo, por isso deve-se encontrar um método de esquecer o desejo durante o período da evocação mágica.

 

Kenneth Grant, em O Renascer da Magia – Capítulo 11: Austin Osman Spare e o Zos Kia Cultus

Para ter sucesso ao trabalhar com sigilos, é importante não se apegar excessivamente ao desejo nem ao sigilo em si. Ele precisa ser efetivamente esquecido durante sua ativação. Sempre que a mente se voltar ao desejo, deve-se prontamente pensar em outra coisa. É fundamental agir sem ânsia de resultados para conseguir os resultados. Parece contraditório. E é. Mas é assim que funciona.

Uma forma simples de esquecer o sigilo é criar vários sigilos de uma vez só, carregando-os dias depois. Assim, você não vai lembrar conscientemente qual sigilo representa qual desejo. Mas o seu subconsciente vai saber exatamente o que fazer.

Outra forma muito usada depende de um colega que pratique o mesmo tipo de trabalho. Nesse caso, cada um elabora um sigilo, mas carrega o sigilo do colega, sem saber do que se trata. Essa é uma ótima maneira de evitar interferência consciente.

Carregando o Sigilo

O sigilo, após ser elaborado e esquecido, precisa ser carregado para que haja um impulso mágico para a realização do desejo que ele representa.

Há várias formas de se carregar sigilos. Todas dependem de gnose – estados alterados de consciência.

Uma forma de atingir esses estados alterados é silenciar a mente por completo, mantendo o sigilo como único objeto de atenção. Nesse caso, a imagem do sigilo pode ser visualizada mentalmente, de forma quase fanática, mesmo que por breves momentos. Alternativamente, um sigilo mântrico pode ser repetido à exaustão.

Outra forma de alcançar gnose é por excitação. Nesse caso, estímulos externos são usados para se chegar a um estado emocional intenso. Algumas das formas clássicas envolvem medo, dor ou sexo. No momento máximo de exaltação emocional, é preciso deixar de lado essa emoção e focar toda a consciência no sigilo.

Resultados

Como tudo nessa vida, não há 100% de garantia de funcionamento com os sigilos. Mas se as técnicas acima forem aplicadas corretamente, há uma chance muito boa de sucesso.

Lembra que falamos que é preciso agir sem ânsia de resultados? Pois é. É comum achar que uma operação com sigilos não funcionou, e perder a esperança de ter sucesso. E muitas vezes, logo depois, os resultados se manifestam, da forma mais inesperada possível. É como as coisas funcionam. As regras são conhecidas. Cabe a nós aprendê-las e tirar delas o maior proveito possível.

 

Se você se interessou pelo tema, uma ótima forma de aprofundar seus estudos é o Liber Null e Psiconauta, de Peter J. Carroll, que apresenta, com exemplos, os principais métodos para preparar e lançar sigilos. O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, relata a redescoberta dos Sigilos trazida por Austin Osman Spare no começo do século XX. Nossos livros estão disponíveis na nossa loja e nas principais livrarias.

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