Mercúrio

Deuses Entre Nós: Mercúrio

Mitologias explicam a natureza, a história e os hábitos de um povo. Algumas características são comuns a diversos povos, e por isso mitologias completamente distintas têm paralelos muito claros entre si. Um bom exemplo destas correlações está no conceito de Mercúrio. Mercúrio é o nome romano para o Hermes grego, e tem paralelos no Thoth egípcio, no Loki dos nórdicos, e até mesmo na cultura pop.

Todos estes conceitos ligados a Mercúrio se relacionam com a Sephira de Hod, na Árvore da Vida. Esta é a oitava Sephira, e 8 é o número deste planeta. Hod representa o Esplendor – o esplendor de transformar o abstrato em concreto através do pensamento.

Os deuses ligados ao arquétipo mercurial têm em comum a relação com a inteligência, magia (porque magos sem inteligência não podem esperar um futuro promissor), velocidade (porque é impossível agir rápido sem pensar rápido) e enganação (porque, afinal, pensamentos enganam). São comumente considerados padroeiros das profissões que dependem destas habilidades: médicos, comerciantes, artistas, e até mesmo ladrões.

Hermes e Mercúrio

As mais clássicas representações deste arquétipo são Hermes e sua contraparte Romana, Mercúrio. O chapeuzinho alado representa a velocidade do pensamento; as sandálias aladas, sua mobilidade. Hermes ainda traz consigo o Caduceu, que merece um texto só sobre ele. Mas basta dizer que é até hoje o símbolo da Medicina. É também de Hermes que deriva Hermes Trismegisto, o suposto autor da célebre Tábua de Esmeralda; chave máxima da Alquimia, que de tão famosa virou até disco de Jorge Benjor.

Thoth

O egípcio Thoth também concentra atribuições mercuriais, e era fundamentalmente um Deus do Conhecimento. Ensinou aos homens os ofícios da ciência e da escrita. Por vezes era representado como, ou acompanhado por um babuíno – mais especificamente, um cinocéfalo. O simbolismo do Cinocéfalo é descrito em mais detalhes em O Renascer da Magia, de Kenneth Grant.

Loki

Entre os nórdicos, o aspecto da comunicação, pensamento rápido e enganação era fortemente associado a Loki. O Liber 777 de Crowley também lista Odin como outra divindade com características mercuriais, como sua relação com o conhecimento e a magia – além é claro, das asas em seu elmo em algumas representações.

No Tarô

Hermes também está representado no Tarô, no Arcano I, o Mago. Hermes é o arquétipo do mago em todos os Tarôs, mas isso se torna especialmente evidente no Tarô de Thoth (!), também conhecido como Tarô de Crowley-Harris.

Na Cultura Popular

Mercúrio também se manifesta na cultura popular. O Flash dos quadrinhos, e em particular Barry Allen, é uma imagem clara de Hermes (e a representação de Alex Ross deixa tudo muito mais helenizado). Ainda nos quadrinhos da DC, Promethea traz uma passagem fascinante sobre Hod, Mercúrio, Hermes, Thoth e Odin. É de explodir a cabeça. Desnecessário dizer, mas tudo isso veio da mente de um mago, o excelentíssimo Mestre Alan Moore.

Todas estas divindades são diferentes facetas deste aspecto mercurial de Hod – são releituras sob as óticas de diferentes povos. Contrariando o clássico Liber 777, Peter J. Carroll, em seu Epoch, observa que algumas destas divindades trazem outras atribuições planetárias. Thoth seria Mercurial e Uraniano; Loki, Mercurial e Marciano; sendo Hermes a única representação pura deste conceito. Aqueles que leram o excelente Promethea estão convidados a lembrar a espetacular quebra da quarta parede feita por Hermes Três Vezes Grande; que resume de forma definitiva, em um quadrinho, a natureza destas divindades.

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Imagens:

HermesThothLokiArcano IBarry AllenHermes e Thoth

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