Clavícula de Salomão: Necronomicon da Vida Real

De acordo com a lenda, o Rei Salomão (aquele da Bíblia e do Corão) tinha poderes divinos, como o de comandar Demônios a realizar seus desejos. O Rei teria escrito seus segredos em um livro misterioso, que foi enterrado com ele. Anos depois, o livro foi descoberto, mas não imediatamente compreendido. Um sábio Babilônio decifrou seu conteúdo e, estarrecido, pediu aos Anjos do Senhor para que escondessem dos indignos o real significado daquelas palavras.

A lenda é fascinante, mas se engana quem pensa que o Rei Salomão de fato escreveu um tratado de demonologia. Os livros conhecidos como chaves (ou clavículas) de Salomão foram na verdade escritos durante a Renascença. Há duas principais obras ligadas a Salomão: A Clavícula de Salomão e o Lemegeton. As obras são complementares, mas essencialmente distintas.

A Clavícula de Salomão não é um único livro. Diversas versões foram escritas ao longo dos séculos, em diversos idiomas, incluindo Latim, Grego e Hebraico. Obviamente, o conteúdo não é igual em todos estes. S. L. MacGregor Mathers, Maçom e fundador da Aurora Dourada, é até hoje referência no assunto. Ele estudou, traduziu e compilou diversos destes textos originais e produziu uma edição em Inglês, que é o texto mais amplamente difundido nos dias de hoje. Sua versão foi traduzida para diversos idiomas (inclusive o Português) e é uma escolha óbvia para estudiosos modernos que não desejam perder anos de suas vidas em bibliotecas, envolvidos com manuscritos centenários. A Clavícula de Salomão de Mathers trata das operações mágicas para conter e comandar os espíritos dos mortos e os demônios, além de ensinar feitiços para diversas aplicações práticas. Também detalha as preparações recomendadas aos operadores que desejam trabalhar com a Magia Salomônica.

O Lemegeton complementa a Clavícula de Salomão. Trata da comunicação com entidades celestiais e ensina orações para aprimoramento do magista. A Clavícula ensina técnicas para controlar espíritos e demônios, mas não dá detalhes sobre os mesmos. O Lemegeton, no entanto, apresenta sem rodeios uma lista de 72 demônios, com suas posições hierárquicas, nomes, sigilos e poderes e associações herméticas. Mathers também teve papel importante na tradução deste texto, e há hoje em dia versões complementadas com observações de Aleister Crowley. O Lemegeton é a obra base para todo o ramo da Goécia.

O Necronomicon é (supostamente) uma criação fictícia de H. P. Lovecraft, que conquistou fama através de referências na cultura pop. Desde então, diversos autores escreveram suas versões do Necronomicon, usando fundamentalmente o nome e a fama do livro fictício. Estas obras normalmente contem fórmulas para trabalhar com entidades do Mito Lovecraftiano. A Clavícula de Salomão e o Lemegeton tem uma base histórica igualmente fictícia, mas a magia contida nestes volumes é muito séria, independentemente de seu verdadeiro autor.

Uma primorosa tradução em Português da Clavícula de Salomão, diretamente do texto de Mathers, está agora disponível na loja da Penumbra Livros. Lá você também encontra o Epoch, que contém (entre outras coisas) a visão única de Peter J. Carroll sobre o Necronomicon; além do Cabala, Qliphoth e Magia Goética, de Thomas Karlsson, que trata da Goécia do ponto de vista da corrente draconiana.

Clavicula de Salomao - Necronomicon da Vida Real

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