Usos Rituais do Sangue

Usos Rituais do Sangue

“A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.”

Gênesis 9:4

É através de dogmas como estes que as grandes religiões monoteístas vêm exercendo níveis assombrosos de controle sobre as massas ao longo dos últimos milênios. Justificar as razões de tais dogmas está além da intenção deste texto, mas é fato inegável que versículos como Gênesis 9:4, entre outros tantos, funcionam como mecanismos de limitação das desconhecidas e latentes capacidades individuais que todos possuímos.

Sangue X Vampirismo

O sangue possui força tremenda como componente mágico. Categorizar este uso como vampirismo é simplista, e na maior parte dos casos, simplesmente errado. O vampiro se alimenta da essência vital de outros seres. Na maioria das vezes, na realidade, esta essência vital “vampirizada” é transferida sem meio físico algum, sendo de natureza puramente energética. O uso ritual do sangue, por outro lado, frequentemente envolve o fluido do próprio praticante. Não havendo transferência de essência vital, estes casos podem ser enquadrados, quando muito, como autovampirismo. Um exemplo de rito que emprega sangue é a Missa da Fênix (Liber XLIV), em que o líquido vital do praticante é reabsorvido oralmente pelo próprio. É apenas uma versão mais individual da Eucaristia cristã.

Sangue X Menstruação

Na antiguidade, as mulheres eram temidas durante seu período menstrual. O poder do sangue, e em particular do sangue menstrual, é o culpado por este medo e este respeito (mesmo que subconscientemente). Este fluido possui grande valor mágico – o Livro da Lei, por exemplo, posiciona seu valor acima de todos os demais tipos de sangue (AL III:24). A própria Bíblia ressalta os perigos do fluxo menstrual.

“Mas a mulher, quando tiver fluxo, e o seu fluxo de sangue estiver na sua carne, estará sete dias na sua separação, e qualquer que a tocar, será imundo até à tarde.”

Levítico 15:19.

Este elixir alquímico é amplamente usado em diversas tradições, por todo o mundo, e em todos os tempos. Sua capacidade de materializar é seu grande trunfo. Por isso é tão importante para a magia prática. E por isso, manter seu uso como tabu, como perigo, como pecado, é tão importante para aqueles que não desejam que cada um de nós sejamos capazes de alterar nossa própria realidade.

Há um capítulo inteiro em O Renascer da Magia, de Kenneth Grant, que explica detalhadamente o simbolismo e a prática por trás do uso mágico do sangue. Este livro clássico foi trazido novamente para o Brasil pela Penumbra Livros.

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